O Por quê e O Início

O Por quê

Faz 3 meses que descobri meu diagnóstico.
Nesse tempo, mesmo passando pela pior fase do tratamento, pude pensar sobre muita coisa, uma delas foi a de começar a escrever.
Mas escrever pra quem?
Pra mim mesma, meus familiares, amigos e também para pessoas que nunca vi antes.
Qual o motivo?
Alertar a todos sobre a importância do diagnóstico precoce de câncer de mama, dividir o que estou passando e compartilhar algumas experiências dessa trajetória.

Aqui começa uma nova história…

O Início

Sempre ouvi dizer que o decorrer do nosso ano depende muito de como passamos o Reveillón. E a minha virada para 2015 não foi lá grande coisa (talvez tenha sido a pior), mas eu nunca poderia imaginar o que este ano estava preparando pra mim.

Num breve resumo: réveillon com brigas, carnaval solitário, mudança de emprego, mudança de cidade, término de namoro… Em meio a tudo isso, descobri mentiras, me decepcionei, gritei, sorri, chorei, fugi, bati, me arrependi, me precipitei, voltei atrás. Enfim, foram durante esses primeiros meses de 2015 acompanhados de alguns momentos ruins desde o fim de 2014 que as coisas começaram a mudar de rumo.

A descoberta:

Conheço muito bem o meu corpo e, de repente, antes de eu dormir, senti algo no meu seio que nunca percebi antes, um famoso “carocinho”.

Eram tantas mudanças na minha vida naquele momento que algumas semanas se passaram sem que eu me lembrasse de ter que ir atrás para saber do que tratava.

Passei no processo seletivo na empresa Porto Seguro em São Paulo. Era a hora de me mudar de cidade e ter uma vida de casal.

Porém, novos episódios ruins surgiram e decidi então me mudar para São Paulo e ficar sozinha. Precisei de muita conversa de amiga e terapia pra amenizar as coisas (Obrigada Carol e Lari por viverem comigo toda aquela angústia).

Sozinha em São Paulo, me adaptando a novas pessoas, a um novo emprego e recebendo apoio da amiga Mari que me acolheu prontamente em seu apartamento, recebi o cartão do meu novo plano de saúde. Rapidamente, fui atrás de marcar consulta. Foi 1 mês até o dia da descoberta. Não quis falar sobre nada disso com meus pais pois não havia razão para preocupá-los até o momento. Nesse período realizei:

Ultrassom de mamas (em 22/06): BIRADS 4. Hã?! O que é isso? É um código para os pacientes não entenderem o resultado? Ah, mas o Google existe! Pela minha idade, por não ter histórico familiar da doença e nem ter exames anteriores, eu deveria passar por um mastologista para investigar melhor o caso. Ele não gostou do aspecto do meu ultrassom e indicou que eu fizesse biópsia.

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Ultrassonografia Mamária

Core Biopsy (em 11/07): Eita procedimento incômodo. Foram 10 agulhadas no meu seio e repouso. No dia seguinte, meu “carocinho” parecia maior e meu seio estar deformado! Nessas horas eu já estava me permitindo não ficar mais sozinha e comecei a aceitar a possibilidade de voltar meu namoro. O resultado sairia em alguns dias.

– O Diagnóstico: Minha ansiedade era tanta que acabei abrindo o resultado da biópsia pela internet (durante meu horário de trabalho). No laudo, eu estava procurando pelas palavras “câncer de mama”, “maligno” ou algo do tipo. Nada disso estava lá. Resolvi pesquisar no Google algumas palavras que me pareceram mais conclusivas sobre o diagnóstico: “carcinoma ductal invasivo de mama”. E aí a resposta do Sr. Sabe Tudo: “Carcinoma Ductal Invasivo é um tipo de câncer de mama…”. Só o que senti foi uma tremedeira.

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Resultado

Consegui um encaixe de urgência com o mastologista e fomos (eu e meu namorado) até o outro lado da cidade ouvir o que eu já sabia. Ele, por sua vez, estava confiante esperando para ver o que o médico teria a dizer. Mas eu só estava aguardando as orientações sobre o que eu deveria fazer a partir de agora.

“Infelizmente, Sra. Liliane, apesar de raro na sua idade, é um câncer de mama. Agora você deverá realizar alguns exames para sabermos se ele se espalhou e outros exames pré-operatórios pois irei fazer a cirurgia para retirar o nódulo e um quadrante do seu seio (quadrantectomia)”.

Nesse momento, só consegui pensar nos meus pais e na dor que eles sentiriam ao saber da notícia.

Ao mesmo tempo, ao meu lado, meu namorado se emocionou por lembrar de sua mãe, que havia falecido de câncer de mama há 7 anos. Fui tentar consolá-lo e meu médico comentou: “A história da mãe dele não vai se repetir com você. São histórias diferentes. E hoje é você quem precisa de apoio das pessoas. Você tem que pensar apenas em você!”.

Saímos um pouco abalados do consultório e fomos para o apartamento dele (que a partir desse momento já começou também a ser meu) para digerir tudo isso. Aquela noite foi estranha, não consigo explicar o que estávamos sentindo. Eu só sabia que teria muita coisa pela frente mas estava com a melhor companhia pra seguir comigo. E que, no final das contas, tudo iria se ajeitar…

14 thoughts on “O Por quê e O Início

  1. A Lili é minha amiga há 11 anos (nossa!!), desde a faculdade. É claro que ficamos chocadas de saber de seu diagnóstico e pensar tudo o que se seguiria a partir dali, história ela vai contar para todos por aqui. Porém, o que mais me surpreendeu é que ela continuou sendo a Lili: preocupada com as pessoas (até mais que consigo mesma), alegre, divertidíssima, e tirando da adversidade uma oportunidade positiva de compartilhar com todos como é descobrir o diagnóstico do câncer de mama e enfrentá-lo. Mas a coisa mais importante que ela me ajudou a enxergar é que não é a doença que define alguém, nem é a doença que transforma, ou fortalece, etc. É aquilo que carregamos dentro de nós. E a Lili sempre foi assim: forte, transformadora, cheia de projetos, e que sempre dá um jeito de ir atrás do que quer. E o título do blog tem tudo a ver com ela: tudo se ajeita. É assim que ela vê a vida. E enquanto o “tudo” acontece, suas amigas, família, namorado, estarão aqui com você. Me emocionei, lógico. Parabéns por mais essa iniciativa amiga. Amo você e te admiro muito. Um beijo.

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  2. Amiga, nunca escrevi num blog antes, mas vc merece td o incentivo, carinho e atenção q posso dar!! Td o q vc escreveu poderá sim ajudar mtas pessoas e claro, vai te ajudar a transbordar um pouco dos seus sentimentos e desse turbilhão q se passou e está passando! Td se ajeita sim!! Com amor, fé, amigos, família e união!! Isso vc tem de sobra pq tem o dom de agregar as pessoas por onde passa!! Tamu junto!! 😘😘😘😘

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      • Chegou minha vez amiga! As vezes eu me pego durante qualquer horário do dia e me pergunto: como a Lili consegue lidar com o diagnóstico, tratamento, reações de um modo tão alto astral? E me respondo divagando….morei com ela durante 5 anos vai…pois o nosso primeiro ano, colocava a mochila nas costas e passava muitos fins de semana no nosso querido hotel ! RS. ..e me lembro de muitas coisas que passamos e como a personalidade de Lilis surpreendeu a cada dia…alegre, sempre amou uma baladinha, queria que estivéssemos presente em quase todas festas e encontros. E mesmo após os longos anos de formadas, seu jeito se manteve o mesmo. De fato imensamente agregadora!
        E então após as lembranças, passo a tentar o mínimo que seja..tentar entender quais são os planos de Deus…Não se dá um fardo maior do que possamos carregar…
        Confesso que eu e Carol nos descontrolamos no início, choros compulsivos pelo telefone e mensagens de voz pelo zap. E quando fomos fazer a primeira visita. ..akele sorriso lindo e encantador nos recebe! Com a alegria imensa ao nos ver!
        Digo pra todos que me perguntam..:Temos muito a aprender com Liliane Pusas.
        Um grande beijo

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      • Sil, minha companheira de casa!!! De onde tiro a força pra encarar tudo isso? De vocês, que estão sempre do meu lado, me mandando energia positiva, compartilhando os momentos de alegria ou de tristeza, enfim, vivendo essa nossa amizade que se fortalece a cada dia e a cada situação, por mais difícil que seja. Obrigada pela preocupação “maternal” de sempre! Um beijão

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  3. Lili, lindona, apesar de fazer anos que não nos vemos, a lembrança que tenho de você é de uma garota linda e sempre risonha. Você é demais. Obrigada por dividir conosco a sua experiência.
    Saudade grande!!!
    Marcela

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  4. Liliane, boa noite!!! e ai como esta???

    Assisti a reportagem e amei!!!Seu blog está 10!!!PARABÉNS!!!você está linda e guerreira!!!Faz tempo que queria te enviar mensagem pra saber como está, mas fico com receio de te incomodar!!! Este final de semana estava vendo fotos nossas de crianças na piscina da casa da minha tia!!!saudade demais daquela época boa!!! saiba que estou rezando por você a cada segundo e que já sonhei umas cinco vezes com você…todos sonhos maravilhosos em que estávamos juntas e nos divertindo, o último sonho nós nos dávamos um abraço tao apertado e feliz…que fiquei com isso na cabeça e pensando em você o dia todo!!!apesar da distancia e do pouco contato após iniciarmos nossas vidas de faculdade, nunca esqueci a amizade que tivemos e sempre que encontrava sua mãe ela me contava de você e do juninho!!!ela sempre conversava comigo e falava que não acreditava que eu era enfermeira srsrsrs….

    Enfim, saiba que estou aqui para o que você precisar…e não esqueço de você um segundo se quer, está em minhas orações sempre!!!

    Conte comigo!!!TAMUJUNTO!!!!

    GDE BJO E FIQUE COM DEUS!!

    Nati

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    • Oi, Natália! A vida nos colocou em caminhos tão diferentes, né? Mas a gente sempre mantém as boas lembranças… Poxa, quantos sonhos comigo! hehehe. Muito obrigada pela amizade de sempre e pelo carinho! Continue com essa energia positiva sempre… Um beijão a vc e toda sua família!

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